OCTAVIA ESTELLE BUTLER – ficcionista

Alexander Meireles

(1947-2006) A primeira escritora afro-americana a conseguir destaque dentro do campo da Ficção Científica nos Estados Unidos, abrindo as portas para outros escritores e escritoras negras, Octavia E. Butler começou sua carreira no início dos anos setenta com o conto “Crossover”, publicado em 1971 na antologia organizada pela Clarion e editada por Robin Scott Wilson (CLUTE, LAGFORD & NICHOLLS, 2019). Esta primeira publicação, todavia, não trouxe destaque para a escritora, situação que começou a mudar com a série de livros Patternist, também conhecida como Patternmaster series. Composta das obras Patternmaster (1976), Mind of my Mind (1977), Survivor (1978), Wild Seed (1980) e Clay’s Ark (1984), a série cobre um período que começa em fins do século XVII e avança até o futuro focando no relacionamento de dois imortais. Doro é um homem nascido há 4000 anos na África que transfere sua consciência para novos corpos mantendo assim sua existência. Sua meta é criar uma nova raça selecionada geneticamente. Anyanwu, por sua vez, é uma transmorfa de 300 anos de idade com total controle sobre seu corpo. A relação dos dois é pautada por momentos que variam de amor familiar, igualdade de gêneros, abuso e escravidão. Eventualmente os seres mutantes telepatas criados da união dos dois controlam o planeta e entram em conflito com os “mudos” (“mutes”), ou seja, os humanos sem capacidade telepática.

Já se percebe nesta primeira série alguns temas recorrentes na obra de Octavia E. Butler, tais como a utilização de elementos da Literatura Afro-americana, a importância da construção de comunidades, a valorização do hibridismo e a subversão de conceitos de gênero. Enquanto a série Patternist estava em desenvolvimento a escritora publicou Kindred (1979), romance fechado que lida com o tema da viagem no tempo ao descrever o deslocamento temporal sofrido por uma mulher negra dos dias de hoje até o período da escravidão no estado de Maryland em 1815. Dana percebe que todas as vezes em que a vida do jovem Rufus Weylin corre perigo ela é levada do presente para o passado de forma a salvar o rapaz. Weylin é o filho de um dono de escravos que trata brutalmente os negros. A jovem percebe que pode tentar ensinar lições ao rapaz sobre a escravidão ao longo de seus encontros, mas a medida em que Rufus cresce, ele se torna cada vez mais parecido com seu pai quanto ao tratamento reservado aos escravos. Posteriormente, Dana descobre que Rufus é o seu ancestral, o que dentro da trama serve como justificativa para a sua viagem no tempo e ponto de conflito para a protagonista, visto que ela precisa salvar uma pessoa cruel, mas que será responsável pela sua existência.

No campo da narrativa curta, apesar de ter escrito poucos contos, Octavia E. Butler angariou prêmios de destaque no campo da Ficção Científica como o Hugo com “Speech Sounds”, publicado em dezembro de 1983 na revista Asimov’s Science Fiction e os prêmios Hugo e Nebula com “Bloodchild” (publicado em junho de 1984 também na Asimov’s Science Fiction). Em 1995 estes contos foram reunidos na única coletânea da escritora – Bloodchild and Other Stories. “Bloodchild” é ambientado em uma colônia em um planeta distante e narra a história do relacionamento entre seres humanos e alienígenas. O ponto principal é que a raça alienígena Tlic usa Terranos – como os humanos são chamados – como repositórios onde os seus ovos são implantados. Os ovos então se nutrem do hospedeiro humano, sempre masculino, até estarem prontos para eclodir. Quando o momento chega, primeiro as criaturas comem suas cascas e então passam a se alimentar de seus hospedeiros. Por esta razão, se a mãe Tlic não estiver junto ao humano para realizar a extração dos alienígenas, o hospedeiro irá morrer. A história é narrada através dos olhos do adolescente Gan, escolhido por T’Gatoi, a Tlic fêmea, para hospedar seus ovos. “Bloodchild” é a minha história de gravidez masculina” (BUTLER, 1996, p. 30), explica Octavia E. Butler.

A sociedade criada na história, portanto, não é baseada na mesma estrutura que a nossa. “Bloodchild” descreve como uma sociedade alienígena subverte papéis tradicionais que homens e mulheres possuem na sociedade. Esse fato corrobora a análise de Adam Roberts sobre o fato de escritoras de Ficção Científica geralmente usarem o alienígena como uma maneira de inverter tradicionais estereótipos de gênero no sentido de que a fisiologia alienígena pode oferecer ao homem a experiência de ser estuprado por outro ser (ROBERTS, 2000, p.25). Ao mesmo tempo, ainda que Butler não reconheça – “Surpreende-me que algumas pessoas tenham visto “Bloodchild” como uma história de escravidão. Ela não é.” (BUTLER, 1996, p. 30) – a narrativa toca em questões vivenciadas pelos negros durante a escravidão na América. A colônia projetada e controlada pelos alienígenas, chamada de Reserva, é considerada um refúgio pelos humanos. Dentro dela os terranos são protegidos dos Tlics selvagens que enxergam os humanos apenas como animais hospedeiros para suas crias, commodities preciosos para eles. Como Gan percebe: “nós éramos bens, símbolos de status” (BUTLER, 1996, p. 5). O próprio Gan se assusta em saber que se T`Gatoi não estivesse com ele, Gan ficaria a mercê das vontades de outros Tlics. Esta afirmação evidencia claramente qual é a raça dominante. A restrição de movimentos na Reserva é muito similar à imagem da escravidão, porque os terranos fazem o que os Tlics esperam que eles façam. O livre arbítrio em “Bloodchild” é esvaziado pelas circunstâncias de convivência com uma raça superior (SILVA, 2010, p. 377).

Ao longo da década de 1980, Octavia E. Butler desenvolveu sua segunda grande trilogia, conhecida como os livros Xenogenesis, formados por Dawn (1987), Adulthood Rites (1988) e Imago (1989). Partindo de dois temas recorrentes na tradição da ficção científica, a invasão alienígena e o mundo pós-apocalíptico, Dawn (Publicada no Brasil em 2018 como Despertar) mostra uma raça nômade de extraterrestres chamada oankali que, na sua viagem pelo espaço, chega a Terra após a hecatombe nuclear. Os poucos humanos sobreviventes são coletados e colocados em animação suspensa por duzentos anos. Neste período, enquanto a flora e a fauna do planeta se renovam, os oankali curam os humanos de suas doenças hereditárias ou decorrentes da radiação da guerra e por vezes despertam alguns indivíduos para a realização de estudos comportamentais e biológicos. Todavia, ao contrário dos invasores marcianos de Guerra dos mundos, por exemplo, os alienígenas de Butler são pacíficos e desejam apenas estabelecer parcerias com a humanidade por meio de uma troca de genes, atividade esta que para os oankali se configura uma necessidade biológica visando o contínuo aprimoramento da própria espécie. Como explica o extraterrestre Jdahya: “Nós fazemos o que vocês chamariam de engenharia genética /…/ Nós fazemos isso de forma natural. Nós devemos fazê-lo. Isso nos renova, nos permite sobreviver como uma espécie evolutiva ao invés de nos levar a extinção ou estagnação.” (BUTLER, 2007, p. 40). Esta fala revela uma representação da personagem do alienígena diferente da comumente vista nas obras de FC antes da revolução cultural dos anos sessenta e setenta nas quais o extraterrestre era apresentado como um ser superior que considerava os seres humanos como criaturas inferiores e inúteis. Indo ao encontro do discurso pós-moderno sobre a marginalidade e o multiculturalismo, os oankali não apenas aceitam, mas também incentivam e promovem a diferença como elemento dinamizador da existência. O processo de constituição de uma cultura por meio da heterogeneidade em oposição à homogeneidade é um dos elementos principais em Dawn, expressando uma alternativa de resistência da margem contra o centro ideológico (SILVA, 2012, p. 11). Devido a sua relevância no debate sobre a identidade na pós-modernidade, o hibridismo vem ocupando cada vez mais espaço nas questões da sociedade atual. Sobre essa questão Peter Burke diz que “os historiadores também, inclusive eu mesmo, estão dedicando cada vez mais atenção aos processos de encontro, contato, interação, troca e hibridização cultural” (BURKE, 2003, p. 16).

Neste mundo do futuro no qual a (re)criação da vida na Terra é promovida por seres do céu em uma reencenação do Genesis, o leitor é apresentado a personagem Lilith Iyapo, uma afro-americana de Los Angeles resgatada pelos oankali na América do Sul. Lilith Iyapo compartilha pontos em comum com sua homônima mítica, tais como o fato de estar destinada a ser a genitora de novas criaturas e, por causa desse ponto, ser obrigada a viver isolada dos seus semelhantes. No caso do romance, a protagonista de Butler foi selecionada pelos oankali para ser a primeira mulher a ser despertada e se tornar tanto a líder do grupo de humanos na nova Terra, mas também, como parte da experiência de parceira genética, ser a mãe de uma nova raça híbrida entre humanos e alienígenas adaptada às necessidades do novo Éden em que se transformou o planeta Ainda presa à memória do filho falecido antes da hecatombe nuclear, Lilith não consegue esconder a repulsa ao imaginar a aparência de seus futuros filhos: “Ela pensou no seu filho – o quanto parecido com ela, ele havia sido – o quanto parecido com seu pai. Então ela pensou em crianças Medusas grotescas. “Não!” Ela disse” (BUTLER, 2007, p.42). Com o desenrolar do enredo, todavia, a heroína de Dawn percebe que a natureza híbrida dos oankali pode oferecer uma possibilidade de resposta para solucionar os históricos problemas de raça e gênero que levaram a civilização à beira da extinção, tocando assim, na temática central da obra de Butler.

Nos anos noventa, além de ser agraciada como o prêmio para “gênios” da Fundação MacArthur “genius”, Octavia E. Butler deu início ao sua terceira trilogia, conhecida como a série Parable. O primeiro romance, Parable of the Sower (1993) (Publicada no Brasil em 2018 como A parábola do semeador), faz uso do tema do futuro pós-apocalíptico e apresenta o diário de Lauren Olamina, uma jovem afro-americana que vive com sua família na comunidade fechada de Robledo em Los Angeles. Cercados por gangues e pela anarquia em que se transformaram os Estados Unidos com a falência das instituições governamentais como resultado colateral de um capitalismo selvagem, as famílias de Robledo procuram sustento e proteção por seus próprios meios. Desde o início da narrativa, Lauren mostra preocupação com a acomodação das pessoas de sua comunidade em relação ao futuro e, em especial, com suas próprias seguranças. Motivada por inquietações religiosas que a fazem criar uma nova concepção de Deus, Lauren decide se preparar para sobreviver em caso da destruição de seu lar. Essa destruição, de fato, ocorre e toda sua família é assassinada por gangues. Lançada em um ambiente hostil sem a proteção dos muros e com mais dois sobreviventes do massacre, Lauren passa por diversas adversidades na medida em que se torna a líder e guia espiritual de um crescente grupo de pessoas de etnias e histórias diversas. Tendo perdido a esperança de que as soluções para seus problemas possam ser resolvidas pela sua sociedade, o grupo de Lauren viaja e luta junto almejando encontrar um local para estabelecer uma comunidade. Guiadas por um credo que lhes dão um senso de identidade, essas pessoas serão as sementes de Lauren para um novo estilo de vida que, um dia, deixará a Terra e se estabelecerá no espaço sideral. O título do romance, tirado da parábola Bíblica do semeador contada em Lucas 8.5-8,6 se refere justamente a essas sementes que têm em Lauren a figura do semeador. Percebe-se na obra a ênfase dada por Butler sobre a importância de uma comunidade, de um grupo. Como a escritora reforça:

Eu não tento criar comunidades; eu sempre automaticamente crio comunidades. Isto tem a ver com a maneira que eu tenho vivido. Eu sempre vivi em grupos de pessoas que encontraram maneiras de conviverem juntas mesmo se elas não gostavam muito uma da outra, o que era frequentemente o caso. […] Todos os meus personagens ou estão em uma comunidade como Lauren em Parable of the Sower, ou eles criam uma; ela faz isso, também. Meu próprio sentimento é que os seres humanos precisam viver desse jeito e nós muito frequentemente não o fazemos. (MEHAFFY apud KEATING, 2001, p. 11)

Após 1998, quando a segunda parte da trilogia, Parable of the Talents (Publicada no Brasil em 2019 como A parábola dos talentos) foi publicada, vindo a receber o prêmio Nebula do ano 2000 na categoria melhor romance, Octavia E. Butler passou a sofrer de um longo período de bloqueio criativo em decorrência dos medicamentos que usava (CLUTE, LAGFORD & NICHOLLS, 2019). Finalmente, em 2005, a escritora voltou a publicar, desta vez cruzando a temática do vampiro com a Ficção Científica. Fledgling (2005) se inicia com a narrativa em primeira pessoa de uma menina vampira negra de nome Shori, que desperta nua e cega em uma caverna, sem qualquer conhecimento sobre quem ela e sofrendo profundas dores devido a várias queimaduras. Enquanto seu acelerado metabolismo vampírico cura seu corpo, mas não a sua memória, ela deixa a caverna e, gradativamente, entra em contato com humanos e vampiros que a ajudam a aprender sobre a sua identidade. Shori, como ela e o leitor descobrem, é de fato um vampiro com partes de DNA humano, resultante de um experimento genético. Em Fledgling, os vampiros chamam a si mesmos de ‘Ina’, uma espécie separada dos humanos que, ao contrário do que o folclore narra, dentre outras coisas, não pode tornar humanos em vampiros. Sua biologia faz também com que eles envelheçam de forma mais lenta que os humanos. Esta personagem recebeu DNA humano de uma mulher negra e a melanina adicional conseguida por esta ação faz com que sua pele seja muito menos vulnerável à luz solar que a de outros Ina, cuja pela é branca. Eventualmente, Shori descobre que ela escapou por pouco do ataque que vitimou sua família; ataque este perpetrado por outra família Ina que se opõe a miscigenação entre DNA Ina e humano. Apenas após descobrir a razão deste ataque é que Shori consegue planejar estratégias para deter seus inimigos. Ao final do romance, seus inimigos são julgados e condenados pelo conselho Ina. Através do romance é narrado como Shori adquire conhecimento e controle sobre sua natureza Ina. Tal aspecto se torna mais evidente na história quando ela se relaciona com outras pessoas, criando uma comunidade de simbiontes humanos, ou seja, pessoas que se tornaram viciadas com a saliva dos Ina, expelidas no ato da mordida, mas que também possuem um relacionamento sentimental com os Ina. Neste contexto, Butler usa a ligação entre vampiros e humanos apresentada no romance para desconstruir as relações de poder binárias e maniqueístas entre homens e mulheres, brancos e negros presentes na cultura ocidental (SILVA, 2012, p. 13).

Em Fledgling esta proposta está representada inicialmente no relacionamento desenvolvido entre Shori, que aparenta ter dez anos de idade, e Wright Hamlin, um homem branco na casa dos vinte anos. Após encontrá-la em péssimo estado vagando na estrada e ser mordido pela vampira na tentativa de levá-la ao hospital, Wright passa a obedecer Shori e é persuadido pela mesma a levá-la a sua cabana. Uma vez na casa, Butler descreve uma das cenas mais perturbadoras do romance na forma da cena de sexo entre a aparentemente frágil menina negra, que aparenta ter dez anos, e um homem branco. No entanto, a partir de um tema comum na Literatura Afro-Americana – o abuso sexual da mulher negra pelo patriarcado – Butler revela um recorrente tema em sua obra enquanto produto cultural pós-moderno no que se refere a romper e a subverter a expectativa do leitor em relação a questões de gênero e raça. A cena, que na superfície mostra a opressão branca e masculina contra o negro e o feminino, trata na verdade de uma reversão de poder, na qual Shori se descobre uma vampira de cinquenta e três anos que é muito mais rápida e forte que os humanos e que pode dominá-los por meio de sua saliva. Diante do nítido desconforto de Wright com a possibilidade de se relacionar sexualmente com o que ele pensa ser uma criança, Shori afirma: “Eu sou velha o suficiente para fazer sexo com você, se você quiser. […] Eu acho que você deveria […] Não, isto não está certo. Quero dizer que eu acho que você tem a liberdade para fazê-lo, caso queira” (BUTLER, 2007, p. 21).

A união entre vampiros e humanos trabalhada por Butler em Fledgling, todavia, não significa que o romance ofereça apenas um quadro especulativo de como seria a sociedade caso as mulheres dominassem os homens ou os negros exercessem poder sobre os brancos. De fato, ele desconstrói relações binárias de poder à medida que descreve a família de simbiontes de Shori e o processo de formação desse vínculo. Ao se analisar a ligação entre a vampira e os humanos com os quais ela tem contato se pode perceber que a despeito da clara superioridade de poder por parte de Shori, sua condição como alguém sem memória, faz com que ela estabeleça sua relação de domínio em termos de alguém em busca de uma identidade. Essa busca se inicia no começo do romance quando Shori consegue se refugiar do ataque que quase a matou e, posteriormente, acorda em uma caverna coberta de cicatrizes que logo se curam, mas que a deixam com amnésia. Aqui novamente o Fantástico é usado como uma referência intertextual a estratégias narrativas da Literatura Afro-Americana que frequentemente usa a cicatriz como símbolo para os traumas profundos deixados em vítimas de violência racial. Ao ouvir de Wright que Shori se curou completamente de suas cicatrizes, Iosef, pai da vampira, retruca: “Menos a de conhecer a si mesma e seu povo. Eu chamaria isso de uma grande cicatriz. Infelizmente não é uma que saibamos como curar” (BUTLER, 2007, p. 72). Incapaz de acessar suas experiências passadas, Shori estabelece uma identidade em trânsito alicerçada em sua natureza híbrida e caracterizada pelos limites entre o infantil e o adulto, o vampiro e o humano, o negro e o branco; ou seja, uma condição que muito lembra as características e propósitos de um personagem de forte presença nas narrativas orais de escravos afro-americanos: o Trickster. Neste sentido, Octavia E. Butler ecoa a crítica de Bell Hooks sobre os intrínsecos problemas do Feminismo e outros movimentos políticos: “se nós formos crescer existe a necessidade de diversidade, desacordo, e diferença” (HOOKS, 1997, p. 411).

O resultado é a constatação de que a identidade pós-moderna formalizada em Shori se caracteriza por um tenso, mas necessário relacionamento entre elementos muitas vezes inconciliáveis que levam o ser humano a se adaptar a diferentes situações da contemporaneidade. Como coloca Derrida: “A identidade não é um alvo a ser atingido, mas algo que se vive na tensão, em uma permanente incompletude” (apud BERND, 2003, p. 27). Concebida como uma nova trilogia, Fledgling não teve continuidade devido à morte prematura de Octavia E. Butler em 2006. Da mesma forma, a terceira parte da trilogia Parables, que viria a ser chamada de Parable of the Trickster, também não foi publicada. Dado o seu pioneirismo enquanto primeira escritora negra de destaque no cenário da Ficção Científica norte-americana, Octavia E. Butler foi postumamente indicada em 2010 ao Science Fiction Hall of Fame e recebeu em 2012 o prêmio Grande Mestre da Ficção Científica, organizado pelo SFWA.

REFERÊNCIAS

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BURKE, Peter. Cultura popular na idade moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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CLUTE, John; LAGFORD, David; NICHOLLS, Peter. Butler, Octavia E. In: CLUTE, John; LAGFORD, David; NICHOLLS, Peter (Eds). The Encyclopedia of Science Fiction, BUTLER, 1947. Disponível em: http://www.sf-encyclopedia.com/. Acesso em 19 maio. 2019.
HOOKS, Bell. Sisterhood: political solidarity between women. In: MCCLINTOCK, Anne (Ed). Dangerous liaissons: gender, nation, and postcolonial perspectives. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997.
MEHAFFY, Marilyn; KEATING, AnaLouise. Radio Imagination: Octavia Butler on the poetics of narrative embodiment. In: MELUS. [s.l.]: Gale Group, p. 1-21, 2001.
ROBERTS, Adam. Science Fiction. The New Critical Idiom. London: Routledge, 2000.
SILVA, Alexander Meireles da. Sobrevivendo ao inferno: contra-narrativas utópicas nas distopias de Margaret Atwood e Octavia E. Butler. Dissertação (Mestrado em Literaturas de Língua Inglesa). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
. War of the Worlds: Postcolonial identities in afro-american speculative fiction. REVISTA LETRAS & LETRAS, v. 26, n. 2, p. 369-398, 2010. Disponível em: http://bit.ly/2K4bOA1. Acesso em 26 mai0. 2019.
SILVA, Alexander Meireles da. A redenção de Lilith: O corpo feminino como estratégia transgressora na ficção de Octavio E. Butler. REDISCO. Vitória da Conquista, v. 1, n. 2, p. 7-15, 2012. Disponível em: http://bit.ly/2W5kJbM. Acesso em 26 maio. 2019.

BIBLIOGRAFIAS COMPLEMENTARES

BACCOLINI, Raffaella. Gender and genre in the feminist critical dystopias of Katharine Burdekin, Margaret Atwood, and Octavia Butler. In: BARR, Marleen (Org). Future females, the next generation: new voices and velocities in science fiction. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, p. 13-34, 2000.
BARR, Marleen. Octavia Butler and James Tiptree do not write about zap guns. In: BARR, Marleen (Ed). Lost in space: probing feminist science fiction and beyond. Chaper Hill: The University of North Carolina Press, p. 98-107, 1993.
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